Em tempos de sobrecarga mental, emocional e digital, perder-se de si mesma não é raro. A correria do dia a dia nos empurra para fora da nossa própria presença. Sentimos cansaço constante, desconexão com o corpo e, principalmente, um vazio existencial que não se preenche com produtividade.
Segundo a neurociência, o excesso de estímulos e a constante sensação de urgência ativam o eixo do estresse crônico (HPA), liberando cortisol em níveis elevados e afetando a memória, o sono, a tomada de decisão e o bem-estar emocional (McEwen, 2006).
A desconexão consigo mesma não é apenas uma sensação subjetiva: é também uma desconexão entre corpo, mente e emoções. Ela se manifesta quando:
Seu corpo dá sinais (dores, fadiga, tensão), mas você ignora.
Seus pensamentos estão sempre voltados ao futuro ou ao passado, raramente no presente.
Suas emoções são reprimidas ou negligenciadas.
A psicologia positiva chama isso de "incongruência" entre o que vivemos e o que sentimos (Seligman, 2011).
Reconectar-se é um processo gentil, e não uma cobrança. Envolve silenciar o mundo de fora e ouvir novamente sua voz interior. Algumas práticas simples, com embasamento científico, podem te guiar:
Respiração consciente (5 minutos diários)
Reduz o cortisol e melhora a atenção plena (Kabat-Zinn, 1990).
Movimento leve e prazeroso
Caminhar, alongar ou dançar libera dopamina e ativa circuitos de recompensa (Ratey, 2008).
Journaling
Escrever sobre o que sente ajuda a reorganizar pensamentos e a nomear emoções (Pennebaker, 1997).
Contato com a natureza
Estudos mostram que 20 minutos por dia em ambiente natural reduzem estresse e aumentam o senso de vitalidade (Mayer et al., 2009).
Se você chegou até aqui, talvez esse texto seja o seu primeiro passo de volta. Voltar para si é um ato de coragem em um mundo que insiste em te distrair.
Talvez você não esteja perdida. Talvez você apenas precise lembrar quem você é.
“Não espere o mundo parar para cuidar de si. Comece agora. Com um passo. Com um gesto. Com presença.”
Referências Bibliográficas
-
McEwen, B. S. (2006). Protective and damaging effects of stress mediators: Central role of the brain. Dialogues in Clinical Neuroscience, 8(4), 367–381.
-
Seligman, M. E. P. (2011). Flourish: A Visionary New Understanding of Happiness and Well-being. New York: Free Press.
-
Kabat-Zinn, J. (1990). Full Catastrophe Living: Using the Wisdom of Your Body and Mind to Face Stress, Pain, and Illness. New York: Delta.
-
Ratey, J. J. (2008). Spark: The Revolutionary New Science of Exercise and the Brain. Little, Brown Spark.
-
Pennebaker, J. W. (1997). Opening Up: The Healing Power of Expressing Emotions. New York: Guilford Press.
-
Mayer, F. S., Frantz, C. M., Bruehlman-Senecal, E., & Dolliver, K. (2009). Why is nature beneficial? The role of connectedness to nature. Environment and Behavior, 41(5), 607–643.
x
Nenhum comentário:
Postar um comentário